Dia Mundial da Dança
Danças de roda
No dia em que se celebra o Dia Mundial da Dança é importante enaltecer a relação entre a dança, a música, a cultura, as relações sociais e a saúde física, mental e comunitária.
A Escola Profissional Alsud e a Universidade Sénior, com o apoio do Município de Mértola e de muitas entidades e pessoas, a quem somos gratos, tem vindo a recolher e a organizar o património imaterial das danças de roda e de festa, tendo em vista a sua revitalização enquanto momento de cultura e fonte de saúde e bem estar.
Antes da globalização e da internet, antes da música amplificada, antes da eletricidade e das estradas alcatroadas, antes da escola para todos, estas festividades eram dos momentos sociais mais importantes para os jovens. Eram momentos de encontro depois do trabalho e eram as danças de roda que propiciavam o namoro e a aproximação dos olhares e dos corpos. Sob a vigilância dos pais e da comunidade, dançavam, cantando ao mesmo tempo, à luz do lampião ou da lua:
- o Olha a Pombinha Doncelimão, joga-lhe a fita…leva-a pra casa …que ela é bonita” em que se jogava a fita ao par que se queria para o centro da roda, ou então,
- o José Marques levanta a cinta…hás-de ser o meu amor”, uma dança jogo em que o objetivo é não ficar sozinho (solteiro?) no meio, ou o
- Desanda a roda, em que, bem juntinhos, rapazes e raparigas faziam dois círculos concêntricos que se entrelaçavam com os braços, à chegada ao par escolhido, ou ainda
-o Quem anda no meio é tão Catitinho ou os Arquinhos, ou o Silva Silva Enleio Enleio, entre outras.
A maior parte das danças eram prolongadas pelo cante ao despique. À moda cantada por todos, sucedia-se a cantiga, cantada só por um, que tomava a iniciativa, muitas vezes como forma de fazer a proposta ou dar resposta ao pretendente, aceitando ou rejeitando o par. Momentos socialmente exigentes nos quais se uniram muitos dos casais que hoje são os nossos avós e bisavós.
Os alunos e a equipa da Universidade Sénior, muitos desses avós, continuam a dançar estas e outras danças de roda, já não com o desejo de encontrar um par para casar, mas de encontrar o outro com a alegria da dádiva e da partilha.
Em tempos de pandemia e isolamento a promessa desse reencontro na festa torna a vida mais suportável.
Dançar é um soltar amarras, é um deixar-se ir, é um abraço contínuo.
Embalados por um bom som, sejam livres para dançar. Atrevam-se, não tenham vergonha, dancem! Dançar faz bem: desenvolve a coordenação, a memória, combate a depressão e o sedentarismo.
Dance, senão estamos perdidos, disse Pina Bausch um dia. Vem mesmo a calhar!
Texto: Ecola Profissional Alsud