Mértola
Com vestígios que remontam ao Neolítico, o Concelho de Mértola apresenta, actualmente, sítios arqueológicos que nos permitem regressar ao passado sem a ajuda da máquina do tempo.
As escavações arqueológicas iniciadas em finais da década de setenta e as informações recolhidas no início do século pelo arqueólogo Estácio da Veiga deram a conhecer uma Mértola bem mais antiga do que as fontes escritas testemunhavam. Edifícios de grande monumentalidade permitem que qualquer visitante identifique a presença dos romanos na então Mirtilis e na Mina de S. Domingos.
Apesar da concentração de vestígios na Vila de Mértola (Criptopórtico, Torre Couraça, casa romana e vias romanas), podem também encontrar-se vestígios de menor dimensão em todo o Concelho.
A adopção do catolicismo
Com a adopção do catolicismo pelos romanos, os cidadãos de Mértola acompanharam os sinais de mudança, facto testemunhado pelos vestígios arqueológicos representativos de locais de culto e enterramento na cidade (basílicas Paleocristãs do Rossio do Carmo e da Alcáçova onde se observa um baptistério octogonal).
Na Torre de Menagem do Castelo encontram-se expostas um conjunto de materiais arquitectónicos, dos Sécs. VI a IX, que atestam a presença dos visigodos neste território, onde se destaca colunas e pilastras recolhidas um pouco por todo o Concelho.
Com a invasão dos povos do Norte de África, liderados por Tarik em 711, Mértola ganha uma nova dinâmica, passando a ser o porto mais Ocidental do Mediterrâneo. A excepcional posição geográfica no último troço navegável do Guadiana será determinante para o crescimento e apogeu de Martulah. A cidade cresce e sobre o antigo Forúm romano é edificado um bairro almoada onde, depois de vinte anos de escavações, é possível identificar com clareza as habitações com os seus vários compartimentos, os tradicionais pátios centrais das casas árabes e as ruas. Tendo sido este, o período de maior dinamismo da urbe, Mértola apresenta hoje no Museu de Mértola um núcleo de Arte Islâmica, o que de mais representativo se pode conhecer dessa época.
No final do século XIX, com a descoberta do filão mineiro em S. Domingos o Concelho, em especial a margem esquerda do Guadiana conhece uma nova época de prosperidade, caracterizada principalmente por um acentuado crescimento demográfico. Em finais da década de cinquenta e à medida que a exploração mineira diminuía a crise social e económica instala-se nos que dependiam directamente e indirectamente da Mina. Em 1965 a Mina encerra definitivamente e a depressão económica assola centenas de famílias, que para assegurarem a sua sobrevivência são obrigadas a ir para a zona da grande Lisboa e estrangeiro.
Nos anos oitenta a Vila de Mértola começou através da arqueologia a descobrir e a conhecer melhor o seu passado e a transformar esse imenso património em factor de desenvolvimento económico e cultural.
Neste momento, o Concelho de Mértola enfrenta problemas semelhantes a muitos municípios do interior como, uma elevada taxa de analfabetismo, população envelhecida e reduzida dinâmica económica, factores que a Câmara Municipal de Mértola está empenhada em alterar, nomeadamente através da criação de estruturas de apoio aos mais idosos e incentivos económicos a todos que pretendam fixar-se no concelho.
Aliado a um extenso património cultural, o Concelho de Mértola possui uma riqueza ambiental, cinegética, cultural e desportiva que constituirá a médio prazo um motor de revitalização da economia local, através da aposta num turismo sustentado em que as entidades locais participem activamente.